sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Curtir está se tornando o suficiente

Nada mais corriqueiro do que entrar num site de notícias, clicar em uma matéria, lê-la e curtir ou twittar aquilo ali pra todo mundo ver. Mas, o que se quer dizer com esse simples ato? Quer-se dizer alguma coisa afinal?

Esse botãozinho está acomodando cada vez mais as pessoas que não sabem fazer uso consciente dele. Antes, as matérias em destaque nos jornais online eram aquelas que possuíam o maior número de comentários. Hoje, são as mais compartilhadas nas redes sociais.

Os comentários eram a interatividade na medida certa: as pessoas, desconhecidas e muitas vezes anônimas, davam suas opiniões, com direito a CAPS LOCK e ofensas gratuitas em muitos casos. Porém, cada vez mais, a quantidade de comentários em jornais e blogs cai, o que é inversamente proporcional a quantidade de curtidas e twittadas. As pessoas não sentem de fato aquele arrepio que traz a vontade de falar e ser ouvido e, quando sentem, é mais cômodo se expressar no conforto e no amparo dos amigos do Facebook.

Está se perdendo o conteúdo leigo nesses espaços verdadeiramente públicos da Internet, como os sites de revistas e blogs. As pessoas preferem se recolher aos seus recantos virtuais, onde tem a certeza que receberão atenção e algumas retweetadas e curtidas, o que é lamentável. A opinião dos outros, neste contexto, é muito importante para a formação de senso crítico e de opinião própria. A mídia não é imparcial, assim como ninguém é. Em um espaço onde toda essa subjetividade se mistura, é mais fácil filtrar aquilo que realmente nos interessa e se proteger de ideias plantadas ou injetadas cabeça a dentro.

Todo mundo tem direito à opinião de todo mundo. Portanto, não seja egoísta, curta e fale. E fale para o mundo, não somente para os seus 300 supostos amigos do Facebook ou seguidores do Twitter. Fale aqui e ali também. Apesar de no final das contas estarmos todos ligados a tudo e todo mundo, variar nos meios de comunicação é bastante válido e democrático.

O receio de falar cala muitas pessoas que, se falassem, mudariam a opinião de muita gente, que por sua vez falariam e mudariam a opinião de outras muitas pessoas ou até mesmo daquela que já havia falado antes.