quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Às vezes no silêncio da noite...

Sabe quando você escuta uma música romântica, profunda, carinhosa e, mesmo que não tenha nada a ver com sua vida, você fica encaixando aqueles flashes bobos, que todos fazemos questão de guardar com zelo na memória, naqueles versos carregados de paixões e sentimentos de outras muitas pessoas que, como você, fizeram a mesma coisa? Então, é tão gostoso.

Entretanto, em dois momentos da minha vida eu me senti totalmente imune a desvanecer naquelas palavras cantadas e arrastadas por melodias mais diversas e igualmente catárticas. Na verdade, é mais correto dizer que me sinto imune, visto que um dos momentos é agora: acho que nunca estive mais vazia de amor. Não é por completo uma coisa ruim, existem outras coisas que podem preencher uma pessoa. Coisas essas que podem até valer mais a pena, vale acrescentar. Lembro-me, também, de ter me sentido imune aos efeitos de uma boa música melancólica ou uma boa baladinha romântica quando meu nível de conformismo dentro de uma antiga relação havia alcançado seu ápice. É um efeito estranho, um dilema introspectivo. Você não está apaixonado o bastante pra sentir aquela pontadinha no coração, porém está conformado demais para admitir que seria até bom chorar pela sua situação. Mais estranho ainda é só perceber isso depois quando, vasculhando minhas lembraças, posso rever tudo em terceira pessoa.

É um bom momento, me arrisco a dizer. Não tenho mais raivas para fomentar, nem amores para alimentar. Pode mandar até a "Sozinho" do Caetano, que a única coisa que sentirei é frustração por ter perdido meu violão no bar e, consequentemente, não ter começado a aprender a tocar. Estou mais pra histeria de um heavy metal e pro clima freak das fotografias da Diane Arbus.



Não tenho nenhum escudo na mão, está mais pra um spray de pimenta.

6 comentários:

  1. Catártica, ta ai uma palavra que eu não conhecia!
    Quanto ao post, nem tenho muito o que dizer, você já disse tudo. Acho que foi seu melhor post. Parece que você tem a mesma propensão que eu, de escrever bem em fases mais... difíceis, digamos assim...

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  2. [PUTA QUE PARIU MALDITO BLOGSPOT]
    Eu não concordo tanto com o João. Acho que nós não devemos nos privar dos sentimentos que são expressos pelas outras pessoas. Por maior que seja a dor ou ressentimento que nós estejamos sentindo não podemos fazer com que isso seja uma barreira, mesmo que automatica, para o que esteja ao nosso redor. Negar o sentimento é a mesma coisa que abdicar das coisas simples e bonitas que aparecem ao nos relacionar. O que nos diferencia dos animais é justamente essa capacidade de percepção além do que é instintivo. Não estou dizendo que você deve amar a todo instante, tendo sempre um para elevar a um pedestal, mas sim que, na minha humilde opinião, a alegria inerente à Larissa é uma coisa que não pode se perder nas desilusões que a vida apresenta. A grande chave da questão é qual peso e qual medida você dá para essa percepção, para o sentimento que se nutre e que é absorvido. Estar bem consigo não necessariamente demanda uma abstração do que chamamos "ingenuamente" de coração. A abstração do coração é uma enganação assim como o dito pela maioria como amor. Apenas viva, mas sempre se deixando viver.
    [o outro texto que eu fiz tava muito melhor, mas enfim... acho que dá para entender]

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  3. Eu não estou me privando e nem negando nada. Só não sinto aquele amor, sabe que amor é né? Não é a pior coisa do mundo e não tenho pressa. Compaixão, simpatia, afeto ainda não me faltam ^^.

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  4. Eu não concordo com ninguem.
    Acho que você deve parar de viadagem e sair comigo pra ouvir um Metal brabo.

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  5. Eu concordo comigo rum!
    Ficar só é uma maneira de ver porque o sentimento tem que existir mas não é tão ruim assim, lógico que há dias que sentimos tanta falta de ter alguém que viramos o cão porém é passageiro e vemos nos outros uma nova forma de abrigo, nos amigos, nos familiares ou até mesmo na própria solidão. Só no fique assim pra sempre e nem se acostume (é a pior parte)
    bjs

    (eu li O Adeus - brigada)

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  6. http://introspectivu.blogspot.com/2009/04/ii.html

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